Ozzy Osbourne: o pai do caos

Para quem cresceu entre riffs pesados e sonhos fora do padrão, Ozzy Osbourne sempre foi mais que um ícone do rock, se tornando um guia para os desajustados. Sua voz arranhada, sua postura imprevisível e seu desprezo pelas regras abriram caminhos para todos que queriam ser grandes sem se encaixar. Não foi só sobre música; foi sobre liberdade. E essa liberdade, com o tempo, virou influência que atravessou o metal, o rock, o pop, o rap e a cultura como um todo.
Ozzy ensinou que era possível transformar dor e caos em arte. Que os limites da sanidade eram, às vezes, onde nasciam as ideias mais geniais. Para quem viu nele um espelho, sua transgressão virou linguagem. O rock sujo e visceral do Black Sabbath contaminou a estética de artistas do punk, do hard rock e até do mainstream mais reluzente, como um lembrete de que o desconforto pode ser belo.
Hoje, não é exagero dizer que Ozzy habita as batidas de Kendrick Lamar quando ele rasga feridas sociais em versos cravados de verdade, ou nos visuais de Travis Scott, que misturam distorção, psicodelia e caos. O próprio Post Malone não só reverencia a estética do rock em seu som como fez uma das parcerias mais improváveis e históricas com Ozzy, na faixa Take What You Want, em 2019. Um encontro de gerações e gêneros, como se o príncipe das trevas soprasse vida nova no rap do século XXI.
Ozzy colaborou ainda com nomes como DMX e Tech N9ne, provando que sua influência não é só indireta. Seu legado está na forma como artistas falam abertamente sobre vícios, perdas e dualidades, rompendo tabus com a mesma coragem que ele teve ao morder morcegos em cima do palco ou expor sua fragilidade na TV diante do mundo.
A herança de Ozzy não está apenas em álbuns ou frases de efeito: está na atitude. Na cultura pop que hoje celebra o estranho, o fora do eixo, o que era considerado erro. O roqueiro que foi marginalizado nos anos 70 é o mesmo que abriu caminho para o hip hop gritar as dores das ruas, para o pop abraçar a esquisitice, e para milhões se reconhecerem nas sombras. Porque, no fim das contas, Ozzy nos ensinou que o inferno pode ser belo, se a gente souber cantar lá de dentro.









