Por Joao Ribeiro
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1 de dezembro de 2025
A 3ª edição do Festmina (@festmina.go) – Festival Mulheres Independentes no Audiovisual – que aconteceu de 21 a 23 de novembro em Goiânia, chegou ao fim valorizando narrativas plurais feitas por mulheres de diferentes territórios, identidades e trajetórias. Este ano, cada mostra trouxe um recorte específico e necessário. A Mostra Olhares Ancestrais destacou produções de mulheres indígenas; a Mostra Pretas no Topo reuniu exclusivamente obras de mulheres negras; a Mostra Pequi Roxo celebrou o cinema produzido por mulheres goianas; já a Mostra Travessias acolheu filmes realizados por mulheres trans e outras identidades não cis que se reconhecem no feminino. Também integrou a programação a Mostra Sementes , voltada para realizadoras iniciantes, e a Mostra Infantil , aberta, mas dedicada exclusivamente a filmes para as infâncias. Apesar da diversidade de temas e estéticas, o filme “ Logos ”, da diretora e roteirista Britney Federline , se destacou entre todas as categorias e juradas, vencendo tanto o Júri Oficial quanto o Júri Popular na Mostra Travessias, tornando-se o grande nome desta edição. Uma diretora marcada pela reinvenção “ Logos ” nasceu de uma experiência limite. Britney Federline conta que o filme surgiu após ela passar 14 dias intubada, em coma, e retornar à vida com a consciência transformada. “ O filme nasceu da experiência de perder a consciência. Só tive coragem de buscar ocupar os espaços que sempre sonhei quando entendi que a vida é um sopro ”, contou. A diretora, que atua no audiovisual desde 2005, tem um histórico robusto nos bastidores: foram mais de 15 anos como chefe de caracterização em mais de 40 projetos de cinema e televisão. Em 2020, ela passou a se dedicar à direção e ao roteiro. Em pouco tempo, tornou-se a primeira diretora trans da TV Globo. “Logos”, seu primeiro curta documental como diretora, segue trajetória de grande repercussão: foi selecionado para a Mostra Competitiva do 58º Festival de Brasília — um dos mais importantes do país — e também participou da 23ª Goiânia Mostra Curtas, na “Curta Mostra Brasil”, em Goiânia, além de outras exibidos por festivais internacionais. “ Que este seja o primeiro de muitos filmes que ainda vou realizar. Que a vida siga sendo generosa comigo. ”, deseja Britney. As vencedoras da 3ª edição do Festmina Os filmes premiados foram definidos por dois critérios: Júri Oficial, composto pelas profissionais Rochelle Silva e Jéssika Hannder, e Júri Popular, resultado dos votos do público presente. Com sessões cheias, debates fortes e uma curadoria que busca romper silenciamentos históricos, o Festmina reforça sua missão de ampliar espaços para que mulheres — indígenas, negras, trans, goianas, iniciantes e diversas — ocupem o centro da cena. Confira os demais filmes vencedores em cada categoria. - Mostra Olhares Ancestrais • Júri Oficial: Guardiãs de Mãe Dodô — Dir.: Nívia Uchôa • Júri Popular: Akaîutĩ — Dir.: Sylara Silvério - Mostra Pequi Roxo • Júri Oficial (empate): Mulheres da Minha Terra — Dir.: Maria Anjos / Fidele — Dir.: Yorrana Maia • Menções honrosas: Que Deus o Tenha — Dir.: Ana Sifuentes e Maria Alice Rezende / Mulheres que abrem caminhos — Dir.: Pollyanna Marques Vaz • Júri Popular: Não preciso do fim para chegar — Dir.: Lorrana Flores - Mostra Travessias • Júri Oficial e Popular: Logos — Dir.: Britney Federline - Mostra Pretas no Topo • Júri Oficial: Herança Real — Dir.: Brisa Mendes • Júri Popular: Mansos — Dir.: Juliana Segóvia - Mostra Sementes • Júri Oficial: Aurora — Dir.: Bruna Lessa • Júri Popular: A mensagem na garrafa — Dir.: Luana Ferreira